domingo, 14 de dezembro de 2008

O SONHO

Um dia o Poeta sonhou com a Lua.
Sonhou que ela havia invadido o seu quarto. E trazia nas mãos, rosas rosadas (não eram rosas vermelhas).
Em cada rosa estava escrito um nome. O Poeta não entendia. A Lua, então, estendeu-lhe uma rosa e nela estava escrito Ilusão. O Poeta não entendeu. E a Lua foi estendendo-lhe as rosas: Sonhos, Verdades, Canção, Dores, Tristezas, Felicidade, Alegria... Ficou com a última rosa, na mão. E o Poeta perguntou-lhe: Não vais estender-me também esta? A Lua respondeu-lhe: Esta é a síntese de todas as rosas que te dei. Mas é preciso que chegue o Sol para que eu a possa te dar.
Esperaram horas e horas até a chegada do Sol. E a Lua estendeu a rosa ao Poeta.
Como num passe de mágica, a rosa se abriu.Suas pétalas tinham cores diversas e, numa delas, estava escrito: VIDA
O poeta entendeu.

PARA VOCÊ, VISITANTE! COM O MEU CARINHO.

sábado, 13 de dezembro de 2008

POR QUE CANTO?

Eu canto
porque não quero chorar.
Não sou, como Cecília, poeta,
não sei o instante cantar nem perpetuar.


Mas eu canto porque o meu canto
me ajuda a esquecer
quão triste vive o mundo
que não sabe mais cantar.



Eu canto! Porque não sou alegre,
mas triste também não sei ficar.
Eu canto porque já passou
o meu instante de chorar.



Então, eu canto
para mim, para ti eu canto.
Enquanto ainda sei cantar.

SERIA BOM

Seria bom se eu pudesse lhe ver chegando
e que, no barulho estridente do mundo,
só ouvisse os teus passos leves,
caminhando em minha direção.



Seria bom que tudo se encontrasse
e que o vento, num sussurro,
cortasse a distância e me trouxesse
o som da tua voz.


Seria bom, se eu pudesse
varar a distância
e estender-te, com carinho, a minha mão,
pedindo-te para ficar.



Poder amar-te a vida inteira
sem final, sem derrota, sem talvez,
Seria bom.
Ver você chegar
e ficar, ao menos um pouquinho,
Fazendo-me sonhar por toda a eternidade.

CORTE


E o machado cravou-se,
no seu tronco.
Saiu-lhe o sangue...
tatalmente branco.
Tombou gemendo de dor.
Despedaçaram o seu corpo.
E, em torno dela, de repente,
tudo deserto ficou.
Transformou-se em cemitério...
Onde prostarão todos os seus algozes!

O QUE É QUE HÁ?

Por que choram as crianças?
Por que surgem tantos gritos, tantos choros,
tantos medos, no ar?
Por que os dias ficam tão curtos,
Por que escurecem tão depressa os seus dias?
Por que tudo está tão triste?
Por que tanta dor a gritar?
Por que calaram o vento, apagaram o sol? O que é que há?



Desabrochas e murchas. subitamente.
Algum vírus a te espreitar,
querendo a tua essência sugar.
Queria dar-te a esperança,
Fortalecer a tua seiva
E para ti cantar.
E ver-te árvore frondosa,
tuas flores a desabrochar
Queria para ti cantar:

Sorria! Há esperança, amor e segurança, no ar
Não posso.


Mas, um dia, prometo-te, vou para ti, cantar:
Sorria, o mundo feio e mau se foi.
Há flores nas janelas, há noites calmas de luar,
há brincadeiras, nas ruas, há amor no ar.
Há pássaros caminhando, porque já podem caminhar
Acabaram-se as grades, o medo, os esconderijos
Há presença eterna de PAZ, sobre todos nós a flutuar!

A GENTE

Há um mundo de gente, lá fora.
Gente sofrida que chora,
que grita,
Gente aflita.



Há um mundo de gente, lá fora
gente que canta, que brinca,
que ri,
Gente bonita.




Há um mundo de gente, lá fora
Gente que ignora, oprime, esfola
gente insensível,
gente infeliz.



Há um mundo de gente egoísta
um mundo de gente não-gente
Que esquece de toda a gente
Que não chora nem se comove,
Gente que só pensa em si.



Mas também, há um mundo de gente, lá fora
Que canta, reza, ora
Que pede a Deus
por toda a gente,
que suplica, que implora
Que quer ver o mundo mais feliz.


E há um Deus que, nesta hora,
triste contempla, olha e chora
Em silêncio, observa o que ora
E, em glórias, acena, ama e sorri

E por causa dessa gente em oração
Abre as portas do Céu, derama unção
e socorre-nos, por fim.

A VÓS, POETAS

Aos que transcendem a palavra,
Aos que eternizam cada instante
Salve!
Aos que refazem um passado que ainda sequer chegou e um futuro que poderá não vir,
Aos que, através de um poema, se encontram e se revelam,
Salve!
Aos que, cavando o túnel da consciência, instruem o mundo, fazendo brotar riacho de águas translúcidas
Aos que, presos por algo incompreensível, são açoitados pelo vento e, num só encantamento, faz as palavras brotarem
Salve!
Aos que resgatam sonhos, no tempo, remonta os pedaços do vento e como o grito,último da vida dizem: ainda está lá!
Aos que sabem da revelação, entendem de reconciliação
E sabem o saber amar, mesmo ainda não o tendo experimentado
Salve!
Aos que sentem saudades de um bem que não se perdeu
E alegram-se com a vitória nunca vivida ,
Salve!
Aos que, através da poesia, fogem, ao mesmo tempo em que recorda o esquecido, para encontrar a revolução do que é ,
Salve!
Aos que, através do tempo, entram na História para, indo além de si mesmo, tornar um instante eterno,
Salve!
Aos que são capazes de inovar, experimentando emoções, novos sentimentos, cônscios de vir a ser plenos,
Salve!
Aos que, com ética e posicionamento crítico, tornam-se, pouco a pouco, construtores do mundo,
Salve!
Aos que capturam e armazenam imagens, frases e emoções, acomodando-as, pouco a pouco, e a seguir, explodindo-as em linguagem,
Salve!
A todos os poetas, salve!
Artífices da palavra, decifradores do tempo, das alegrias e das dores,
Salve, todos vós!
A vossa poesia, espelho da vossa alma, estimula e provoca, transforma e cria, alimenta e torna a língua mais apta por ser mais bela.
Saudações poéticas a todos vós! Com o meu reconhecimento e o meu amor,
Salve!

RECUSA

Quando te conheci
Recusei te querer,
Já temendo te perder.
Insististe...
Recusei.
Recusaste desistir,
Recusei aceitar.
E, de repente, mansamente,
recusando, aceitei.

Quando tu foste embora,
não acreditei
Recusei acreditar,
Recusaste ficar.




E, diante de tanta recusa,
recuamos os dois
E otempo todas as recusas
Aceitou.




Quando tu retornaste
Recusei querer.
Tu insististe em convencer-me,
Recusando longe ficar.

E, de repente, mansamente,
Recusando aceitar,
Aceitei.



Depois, então, de nós dois
Com a felicidade brincar,
Tu foste embora, para sempre
Para um lugar tão distante...




Uma distância incalculável
Agora, separa nós dois (para sempre?)
E, hoje, o meu coração vive assim,
Recusando te esquecer.

O vento convidou-me
para fazer-lhe companhia.
Recusei.
Prometeu levar-me por entre rios, cachoeira e vales
Recusei.
Prometeu pousar-me sobre a mais alta montanha
Recusei.
Não sabia que recusava,
mas, hoje, eu sei
Recusei.
Agora, estou aqui
Estática como a lua,
esperando pelo sol,
todos os dias
A quen não recuso.
não recusarei.

PARA SEMPRE

Olhou-a decidido.havia uma ondade decisão e querer, no seu olhar."Vais ser minha", disse-lhe. O que era aquilo? Alguma brincadeira cruel, de mau gosto? Por acaso ele conhecia o seu coração? A imensa tristeza resguardada com tanto cuidado, no fundo da alma? Sabia ele que ela era eterna convalescente de amores antigos? "Vais ser minha..." Ora bolas, quem ele pensava que era? E avançou: "Presunçoso, ridículo!" Virou-se para o lado. Tinha receio de que ele pudesse enxergar-lhe a alma. E que ultrpassasse os campos feridos, e visse o seu medo de amar.
Ele olha-lhe e recorda. Cria histórias. Ela o desmente.Diz não recordar de nada disso.
"És minha", diz ele agora. E ela sorri.Acha engraçado essa transformação.
Mas, sabia desde aquele primeiro instante que seria assim. Que nascera para amá-lo.
Como pode ela amá-lo tanto assim? Ao pensar nele, seu coração transborda. E ele, sempre, trata de preenchê-lo mais e mais. Não o deixa vazio.
Não importa as nuvens escuras ee ameaçadoras que circulam. É dele. Ama-o.Quem diria que ela pudesse viver um amor assim?
Sonho? Não. Ele está ali ao seu lado, real, por inteiro. Nenhuma ameaça de tempestade pode abalar esse verão eterno.
Eterno? Quis assim. Não foi. Ele partiu. Já não era mais sua. Já não se pertenciam.
Hoje, sentada na varanda, contempla o vazio e sorri. Consegue sorrir com carinho. Acredita no poeta: "eterno enquanto dura.."
E o seu amor ainda dura. Acredita que durará para sempre. Sorri um sorriso triste. E pensa: Não durou para sempre. Mas, não disse que duraria...
E, no entanto, dura... para sempre!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

DIÁLOGO


Um passarinho veio me visitar.Pousou na minha janela e fitou-me.
Disse ter-me visto noutro dia.
Perguntei a ele onde morava, de onde era que ele vinha.
Disse-me vir de um lugar distante, que quase ninguém conhecia. Que no seu mundo havia amor, verdade e muita harmonia.
Perguntei-lhe por que viera, disse-me que não sabia. Que se perdera pelo caminho e voltar já não conseguia.
Então, pedi-lhe que ficasse. Disse-me que não podia. Que aqui, no meu lugar, não há amor nem tampouco há razão para alegria. Que as flores são de plástico e que matas já não há. Que os homens eram robôs,justiça nem caridade não tinham e, comandados pela ambição, coração eles já não possuiam.
Tentei convencê-lo do contrário, mostrar-lhe o mal da generalização. Mas, ele não me ouvia.
Estava triste, assustado, e me disse que se ficasse, morreria.
Deu-me adeus, saiu voando.
Qual é o seu nome? gritei, enquanto partia.
Sou irmão da Felicidade, filho da Paz e do Amor, meu nome é Alegria! respondeu-me, enquanto de mim fugia.

NOITE E DIA

O vento sopra. A noite cai.
Vem o dia.
A tarde cai.
A noite se levanta
e chama o luar.
Quer com ele passear,
pelas ruas da cidade.
Não quer a noite ficar só
Teme andar sozinha.
Ssbe, perfeitamente, a noite
que pode ter más companhias.
Sombras a persegui-la,
Não quer andar sozinha.
A noite cai.
Vem o dia
Que também teme
a agitação, a agonia.
Todos correm, todos acenam, todos falam,
uma eterna gritaria, infindável agonia!
O dia já não tem sossego
E chamam isso de dia-a-dia.
O dia triste caminha,
E constrói a tarde fria

MÃE


Mãe, queria que tu soubesses,
Não sei como te fazer saber.
Não sei... talvez tu saibas
Mas, mesmo assim, estou sempre
querendo te dizer.
Que os dias vividos,
todos os dias que vivi,
só uma coisa desejei:
o teu abraço, o teu sorriso,
teu rosto colado no meu,
Mãe, quero ainda te dizer
Que em todos os instantes que vivi,
Quis vivê-los com você
Sentir o teu calor e o teu abraço
E todo o meu corpo, no colo teu.
Mãe, em síntese, eu sempre quis
que tu soubesses,
que tudo o que fiz e o que faço,
é exagero de amar!

SER COMO VOCÊ

Quisera ser como você.
Quisera ser poeta.
Vivo a tentar,

Mas, não sei ser poeta
Porque poeta não se aprende a ser
não se ensina a sentir na alma
O que a alma sente em você.

Quisera ser como você
Artífice da palavra,
manuseador da linguagem,
construtor do saber,
transformador do mundo,
criador de criaturas,
semeador de sentimentos,
plantador de emoção.
Ah, eu quisera...
Mas, poeta não sei ser.



SER POETA É SER UM ETERNO NAVEGADOR NO MAR DA IMAGINAÇÃO, NOS OCEANOS DA ETERNA ILUSÃO, NAS ALEGRIAS E NA DOR SOLITÁRIA DO SEU CANTAR!
EU AMO O MEU DEUS!

OLÁ, SENHOR!


Estou aqui, mais uma vez,
para derramar a minha vida
em teu altar.
Estou aqui, também, para Te amar e Te bendizer.
Olá, Senhor!
Hoje o meu coração amanheceu
pensando em Ti.
Hoje, minh'alma está a transbordar
de saudades de Ti.
Manda, mais uma vez, dizer que me amas.
Vivo apaixonada por Ti!
Olá, Senhor! Quando sinto saudades,
Tenho vontade de voar.
Alçar vôo para o céu imenso
Só para Te abraçar,
aconchegar-me em Teu colo
e FICAR!
Sabe, às vezes, não gosto
de estar aqui.
E a cada instante, descubro que só tenho a Ti.
Mas, não fiques triste,
porque eu sei esperar.
E sei que tendo a Ti, tenho tudo
Afinal, Tu mesmo me ensinaste.
Não fiques triste, creio em Ti!
E sei que vais me conduzir.
Tchau, Senhor!
Eu Te amo!
Um beijo para Ti.

ORAÇÃO POR QUEM AMO


Diga-lhe, Senhor
como preencher o vazio que se fez,
o nada que, pouco a pouco, tornou-se tudo
e instalou-se bem ali, no fundo do coração.
Diga-lhe, Senhor
como regar as flores que estão a murchar,
como fazê-las, de novo, perfumar-lhe,
onde encontrar sementes para plantar,
como plantá-las, como colhê-las
Diga-lhe onde se encontra o próprio coração.
Diga-lhe, Senhor
que cada instante vale bem mais
que a aurora perdida,
que cada instante é tempo de reconstrução,
que Tu podes ensinar a sorrir e a cantar.
Diga-lhe, Senhor, que a ama
Que Tu és o próprio amor
e que contigo, pode até haver dor,
mas que há sempre a certeza
de aonde se vai chegar.
E que nunca se chega só
E que é tão lindo! Que é tão bom...
Diga-lhe, Senhor!

DETENHA, SENHOR!

Detenha, Senhor,
com a Tua Força e com o Teu Poder
os invasores,
os desmatadores,
os corruptores,
os estrupadores,
os sequestradores,
Os que, de uma forma ou de outra,
zombam de Ti, destruindo a Tua Criação!


Detenha, Senhor!
os poluidores,
os supostos transformadores, transladadores,
os que ignoram o valor e o significado
das Obras das Tua mãos!


Detenha, Senhor!
os que só pensam no poder
e, pensando no poder,
acabam por destruir e destruir-se.


Detenha, Senhor!
os ignorantes,
que ignorando,
destroem a si mesmos.


Detenha, Senhor!
os fazedores de guerra,
os insensíveis, impiedos da Terra
Detenha todos eles,
esses que zombam de Ti!

ABRA TUAS ASAS


Abra sobre mim
as Tuas asas,
Espírito Santo de Deus!
E faça-me
contigo voar!
Eleva-me por entre as nuvens,
Mostra-me montes e vales
e dá-me Sabedoria e visão.
Ensina-me a ver, compreender e crer
Para que eu possa
entender o Céu e as estrelas,
labirintos, estradas, caminhos
Criações de Deus.
Para que eu possa saber
ouvir e entender a Natureza,
cada som, cada murmúrio,
O agitar das folhas secas espalhadas pelos caminhos
O animal que pasta
e o que corre atrás da sua presa
e o que foge do caçador.
Movimentos de Deus.
Dá-me Sabedoria, entendimento e audição perfeita
para que eu possa entender, ao ouvir
O canto dos pássaros,
o barulho das cascatas,
o linguajar dos passarinhos,
construindo os seus ninhos,
o agitar das folhas verdes, a voz dos animais.
Sons de Deus.
Dá-me Sabedoria, Senhor
para que eu possa compreender
e aceitar
as diferenças no meu irmão
e amá-lo como ele é.
Aceitar, com humildade, seus elogios
Com compreensão as suas críticas,
Com disposição os afetos,
Com amor o seu amor.
Povo de Deus.

POEMA PARA O MEU DEUS




TU que és o meu Deus
TU qu emanas do céu a Tua luz,
que me olhas, me vês, me enxergas, me percebes me amas e me guias,
TU que, guiando-me, me proteges,
Endireita os meus caminhos! Dá-me Sabedoria!


TU que tudo fazes
a quem tudo peço,
de quem só dependo,
que me acalentas, durante a noite escura e fria,
me despertas, ensolarando os meus dias,
acenas com a mão da tarde,
me dizendo "Até amanhã! Espere com paciência! Logo virá um novo dia!"
Oh, TU que és TUDO
TU, somente TU podes e és TU.
Quero falar-te do meu coração,
do meu peito pequeno, cansado, imperfeito, ingênuo
e que clama e chama só por Ti.

Detenha-te, no mais profundo do meu ser
e veja o quanto eu te amo,
perdoa as minhas imperfeições todas
e considere a minha adoração, o sincero amor que sinto por Ti!

AO MEU FILHO


Quero para você somente coisas simples e lindas.Porque é na simplicidade que encontramos a beleza das coisas.
Quero ensinar-lhe a enxergar a beleza que mora em cada coração,
a beleza da chuva, da relva molhada, do céu imenso e azul, do passar vagaroso dos insetos, pássaros, flores e folhas que se jogam contra o vento.Porque isto é Natureza e Natureza é beleza, é vida, é Deus.
Quero para você a simplicidade de dançar na chuva, empinar papagaios e encontrar Deus no brilho do sol, no verde das plantas , no respirar de cada ser.
Quero para você, o direito de viver algo assim como uma casa sem tijolos, sem tetos, quartos sem paredes, onde você possa adquirir o maior bem que um ser humano pode ter: a liberdade de construir o seu próprio mundo.

CANTIGAS PARA LAERTINHO ESCUTAR


Tu me olhas, eu te olho.Tu me flas a tua linguagem eu te falo. Tu me escutas, eu te escuto.Tu me sorris, eu te sorrio.Tu me tocas, eu te toco.Tu já me entendes, eu te entendo.Tu me buscas, eu te busco.Tu me alegras, eu te alegro.Tu me amas?
EU TE AMO!
Laço-te, tu me laças
Amo-te, tu me amas
Eu, tu e eu
Rio, sorrio, tu me sorris
Trago, ternura trago, tu me trazes
Invado, de amor te invado, tu me invades
Não te nego, tu não me negas.
Há, amor há entre nós.
Olho, me convenço, tu me sorris, tu me olhas...
AMO-TE!
TORNEI-ME ÁGUIA!
Dolorosamente, arranquei as velhas penas,
Revesti-me de nova plumagem...
Porque precisava recomeçar,
outra vez VOAR! E reconstruir o que deixei pelo caminho,
E, nos ares, enontrar forças, para o recomeço!

MEU PAI

Seus olhos eram como estrelas a me guiar, a me iluminar o caminho, mirando-mr, em silêncio, falando-me de paz. Ouvia-me.Passávamos o tempo a falar de nós e sobre nós.
Sua presença era porto seguro, encanto e refúgio para o meu ser, certeza de nunca estar só.
Estava sempre do meu lado e ao meu lado. Éramos partes iguais.
E mesmo quando nos desentendíamos, no fundo, estávamos a falar de amor, era só por amor.
Quando ele se foi, um bando de bem-te-vis fez pousada em minha mangueira e, juntos, orquestrou-lhe uma última homenagem. Não posso esquecer...
Não consegui juntar-me a ele.Estava de voz embargada e asas partidas.Não conseguia voar nem cantar.
Tive, então, que aprender a caminhar - sozinha.
Mas, de repente, pensando nele, tornei-me águia.Refiz a minha plumagem e alcei vôo
Mergulhei por entre as nuvens, desvendei os céus, na esperança de, um dia, poder reencontrá-lo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A VERDADE DO POETA

Estive pensando...
Estive a pensar em como metáfora, plurissignificação, termos intrínsecos na realidade do poeta se enlaçam e, por vezes, chegam a confundir e, confundidos, se lançam por entre caminhos inimaginários, desconhecidos até para o próprio poeta.
Quem pode, seguramente, declarar a verdade do poeta? Pensei na forma fantástica com que conotação e denotação se misturam e, podem até permutarem n, na mente do leitor. Mas...pensei: assim sendo, é permuta ou recriação? Porque também o leitor é um ser criador e co-participante a partir das leituras que faz sobre o texto que lê.
E, então, pensei novamente: É aí que se faz a beleza infinita da poesia. É aí que se encontra o poder incalculável da criação poética.è a fantástica capacidade do ser humano de - de alguma forma - criar e recriar, interpretar essa criação e o universo sem fimque o circunda.
Penso que a poesia é mágica. Atemporal, vai além de todas as fronteiras, ultrapassa o real, transpõe o tempo, vence barreiras mil para chegar e ser transformada, na mente daquele que a lê, em realidade viva, retrato de si mesmo ou de quem a escreve.
E pode ser assim. Afinal, o poeta é também influência do seu tempo e do seu mundo.Entretanto, precisamos, ao ler um texto, ter muito cuidado, estar atentos às metáforas utilizadas pelo autor, visto que as mesmas nem sempre são claras, e sendo metáforas, jamais objetivas.
O mundo constituído pelo poeta é sempre inverso ao da realidade que o circunda, embora para este sempre se transpõe.
A verdade do poeta está na imaginação. Aquilo que escreve é a sua verdade imaginária. Seu reino é o imaginário, subjetivo e é assim que expressa o que sente, no reino da ficção.
Como nos diz Fernando Pessoa, "o poeta é um fingidor". Fingir é a forma mais viável para encontrar a tradução de si mesmo e do outro.Em vez de procurar o objeto, faz objeto de si mesmo.
E o ambiente de que fala, as palavras que escreve, nada mais são do que um espelho no qual se mira, buscando a imagem desejada.

ABRA CORAÇÃO!

Abra coração!
Deixa entrar a brisa morna da esperança,
acalento para a dor,
consolo para a solidão.

Abra coração!
E deixa um raio de brilhante de luz chegar.
Abra todos os cômodos,
Desempoeire-os,
limpa o cômodo frio e escuro da tristeza.


Abra as janelas, descerre as cortinas,
Incense tudo, deixa a esperança entrar!

Abra coração!
e deixa, em cada canto, florescer
lindas rosas vermelhas,
cor de sangue, que não lembra sangue
que lembra vida e razão, amor e paixão.

Abra coração!
E despeje o perfume da alegria,
expulse a saudade,
Deixa a felicidade entrar!

APARÊNCIAS

Um querer ir embora
um querer ficar
Uma vontade de ser, fingindo estar.

E lá se vai avolumando,
uma onda de nada
E lá se vai decalcando, em tudo que se diz,
faces, sorrisos, palavras.

Sorrisos amarelos,
vazios, sem graça
Ninguem a perceber
a imensidão da farsa.

Vazio preenchendo vazio
mais nada.


Quero eu ir mais além,
ultrapassar esses limites
Rgras pré- estabelecidas
Não quero aquilo,
quero ser isto.

Quero cheiro de verdade,
cheiro de gostar, gostando
jeito de estar, estando,
de ser, sendo, ficando.

ENTENDES?

Entendes?
o verso e o reverso
dos meus versos
Entendes?
O que canto
E o que laço, no laço do enlace
do tempo e do mundo?
Quando falo e me calo, nas entrelinhas do meu calar
Retrocedo e enlaço, crio um novo compasso,
retraço,
Solto a palavra,
lanço-a ao vento,
no ritmo dos meus pensamentos,
metáfora circulante da minha imaginação?
Imagem da imagem,
símbolo circundante da minha representação,
força da minha expressão,
desejo, sonho de transformação,
mudança.
Certezas e incertezas,
em forma de emoção.
Inspiração?
Não!
Síntese de mim.

O AMOR

O Amor já não é amado!
Chora pelas calçadas, sozinho, sem nada.
O Amor não é amado!
Estende a mão carente para a gente sorridente, mas...
Passa indiferente, não lhe vê a mão
E vaga sozinho qual passarinho fora do ninho, indefeso, sem teto e sem pão.

Jogado num canto, esquecido, em pranto, aflito, cheio de solidão!
Bate em cada porta, ninguém lhe conhece, não.
Sozinho, acabrunhado, por muitos desprezado, o Amor clama e chora a sua dor.
Grita, pede socorro... Mas quê!
O amor foi assaltado, injustiçado, sequestrado, insultado, violentado...
O Amor fica cansado.
Tentam, então, exterminá-lo, até incendiá-lo, enquanto dorme na calçada da desilusão.
Uns dizem que o ama.
Alguns dizem que o quer.
Outros dizem que o conhece,
Mas, o Amor? Quem é ele?
Não sabem dizer.
Abandonaram o Amor e vivem (infelizes) de pura e vã ilusão.

QUISERA

Quisera escrever algo
Alguma coisa que pudesse te dizer
o indizível do meu ser.
Que diante de ti, refletisse
a minha alma que anseia,
que vaga, chora e tateia só,
em busca de ti
Quisera escrever algo
Que pudesse ser como uma canção
Que te penetrasse a alma, rasgando,
de mansinho, entranhas e entradas
e pousasse firme, no teu coração.
Quisera ter podido escrever algo
capaz de mostrar-te luz e verdade,
sol e calor, mar e verão
Verdades não ditas, sorrisos escondidos,
todos os desejos contidos
e esse medo imenso de solidão!
Quisera escrever algo
que me desnudasse ante os teus olhos
perplexos, lábios entreabertos, que me mostrasse a ti.
Que te fizesse querer desvendar
outros mundos que não esse teu.
Derrubar todas as muralhas invisíveis
que sempre me separaram de ti!

SONHOS


Os sonhos que sonho
Já não são os sonhos que sonhei.
Os sonhos que sonhei, plantei-os,
sob aquela árvore
Que parecia querer murchar, mas que floresceu.
E, desde então, colho os sonhos
que sonho,
Frutos dos sonhos que sonhei.

ORIGEM

Eu venho de tempos remotos
Onde o mar se fez estrelas
e cada estrela tornou-se rio.

Venho dos caminhos escondidos
Veredas circulantes, entrecortando sonhos,
Rebuscando verdades,
Alma em céu aberto.

Venho de luz e de sol,
noite e luar,
Venho de campos verdejantes,
de cada relva brotante.

Venho de cada bicho, de cada flor
De cada ânsia de viver, de ser
e de querer.

Venho em plena solidão,
cercada por uma multidão
que me vê e me ignora.

E venho só, lutando.
Eu venho!

CECÍLIA

O que me encanta é a leveza
da tua alma a navegar
por entre os versos que cantas.

É a tua sutileza, tão tua,
imprimindo tanta força,
na gente.

É a tua presença a deslizar
por entre os versos que, magicamente,
falam de ti e de mim.

É esse teu jeito de dizer
o que não sei, e que
só com as tuas palavras
digo tão bem.

É a tua eternidade perpetuada, num instante,
em cada alma que sabe
ou quer, nesse teu mundo navegar.

É o teu jeito de tornar o simples majestoso,
o cotidiano glorioso
e, no sonho, o (mais) querer sonhar.

É esta tua plenitude inserida, no teu canto,
confirmando o instante,
sem tristezas, sem alegrias
Tu, poeta.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

SEM CANTO, EU CANTO

O canto que canto
Silencioso, calado
Aqui, prisionado, enjaulado, no canto,
É um canto que grita,
aqui sufocado,
coberto pelo pranto.

E as lágrimas que choro,
pesadas, aflitas,
Que suplicam, que gritam
são pura desilusão.

E a ilusão que se perde,
na busca infinda,
num mundo tão triste, sem beleza, sem emoção

E a esperança que vaga,
correndo pela estrada,
em busca de ternura, amor e paixão
Se perde tão só, na imensa estrada,
sozinha, sem nada
Qual pétala arrancada, jogada,
pisada, esmagada, no chão.